Nesse programa, alguns dos nossos integrantes da Ciberpoesia comentam sobre a trajetória da poesia, de uma maneira bastante informal passando do trovadorismo até os dias mais atuais. Se você não conhece muito desse universo, esse podcast é principalmente para você!
Nesse programa, alguns dos nossos integrantes da Ciberpoesia comentam sobre a trajetória da poesia, de uma maneira bastante informal passando do trovadorismo até os dias mais atuais. Se você não conhece muito desse universo, esse podcast é principalmente para você!
Junto com o pensamento de "Meu Deus! O ano já está acabando!", começamos a nos programar para o ano que chega. Promessas, sonhos a serem realizados, mais promessas, "hm, desse ano não passa!" e assim vivemos, todos os anos, com a certeza de que quando um ciclo se encerra, outro começa como uma nova chance para fazermos tudo o que foi deixado pra depois.
Nós do Ciber Poesia já entramos no clima de final de ano e adaptamos o poema Receita de Ano Novo de Carlos Drummond de Andrade para te ajudar a refletir sobre o que realmente será necessário para o seu ano ser, de fato, novo.
Por Thays Alves em 09-11-16
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Entrevista a Susano Correia, artista que se expressa baseado nas condições humanas em ilustrações que contém experiências do mesmo. Susano é um artista que carrega uma bagagem crítica e reflexiva diante a humanidade e traz para uma realidade alternativa a questão geral em ilustrações com traços próprios, carregados de personalidade. Podem ser encontrados em seu Instagram, Facebook e também em vídeos no YouTube.
Susano, quantos anos você tem e com que idade começou seus projetos?
Tenho 27 anos. Enquanto artista acredito que arte e vida são indissociáveis num determinado processo, então meu projeto existencial começou quando eu nasci que veio a desembocar nos meus projetos artísticos atuais. Comecei ainda na infância a desenhar, mas a série embruxados teve seu primeiro exemplar a uns 2 anos
Você já fez alguma faculdade com ou sem relação a suas obras?
Cursei Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Penso que o curso tem relação com os meus trabalhos, porque vivi muito tempo lá, tive muitas experiências, experiências que se manifestam em meu processo.
Você produz ou já produziu suas obras fora do meio digital? Se sim, descreva o projeto.
Normalmente eu produzo fora do meio digital, desenhos e pinturas, apenas publico nas redes.
Você se considera um poeta contemporâneo?
Eu trabalho com a perspectiva de gerar sentido e não de deter o sentido, portanto é uma leitura válida. Mas não costumo ficar me considerando alguma coisa, para que não me torne pedante.
Susano, quais são suas maiores motivações?
Sou motivado pela beleza, pelo mistério, pelo amor, e por algumas pessoas que estão relacionadas com os motivos anteriores.
Como foi a introdução de sua arte ao mundo digital?
Eu criei um blog em 2010 para publicar meus trabalhos porque eu sentia a necessidade de construir um público, em 2011 criei uma fanpage e segui publicando meus trabalhos religiosamente, independente de qualquer visibilidade, em 2015 comecei a ter alguma visibilidade e em 2016 aumentou consideravelmente.
Suas exposições tomaram forma em 2011, qual foi a sua maior dificuldade e seu maior orgulho dentre as exposições até os dias atuais?
Até este ano possuía apenas exposições coletivas. Meu maior orgulho foi minha primeira exposição individual que ainda esta acontecendo e teve recorde de público no Museu em sua abertura (até 09/09/16 na Fundação Hassis – Florianópolis). As dificuldades são diversas, de vários tipos, começando por estar deslocado de um eixo cultural, em um país que sabota a cultura desde a formação escolar (esse é um problema que abre um leque de outros problemas). E também, por fazer um trabalho comprometido, sem a pretensão de apelo comercial, enfim...
Suas obras carregam um peso emocional muito elevado, como você identifica a reação do público em relação a sua arte? Há uma aceitação emocional como se você os entendesse?
Sim, eu trabalho subjetivamente com assuntos que dizem respeito à condição humana, e por isso é muito natural que as pessoas se identifiquem e até se sintam representadas. Escolho significantes que considero potentes, tudo isso somado as minhas experiências pessoais, emocionais, e meus estudos.
Em relação a suas mídias digitais, dentre o Facebook, Twitter, Instagram e Youtube, qual dessas redes te ajudou mais a mostrar ao mundo a sua arte?
As que mais uso são o Facebook e Instagram, apesar de gostar muito do Youtube e querer realizar um projeto maior por lá, mas ainda preciso vencer algumas etapas.
Para você, como a poesia (em suas diversas formas atuais) ganhou tanto espaço?
A poesia ganha espaço porque misteriosamente estamos vivos, nem o motivo nem o sentido da vida estão dados, é preciso ser criado. A poesia é a manifestação da beleza na lacuna desse mistério, é quando por uma determinada circunstância temos a sensação que tudo faz sentido. É a certeza que antecipou o motivo. Precisamos da poesia, porque sim.
Susano, quantos anos você tem e com que idade começou seus projetos?
Tenho 27 anos. Enquanto artista acredito que arte e vida são indissociáveis num determinado processo, então meu projeto existencial começou quando eu nasci que veio a desembocar nos meus projetos artísticos atuais. Comecei ainda na infância a desenhar, mas a série embruxados teve seu primeiro exemplar a uns 2 anos
Você já fez alguma faculdade com ou sem relação a suas obras?
Cursei Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Penso que o curso tem relação com os meus trabalhos, porque vivi muito tempo lá, tive muitas experiências, experiências que se manifestam em meu processo.
Você produz ou já produziu suas obras fora do meio digital? Se sim, descreva o projeto.
Normalmente eu produzo fora do meio digital, desenhos e pinturas, apenas publico nas redes.
Você se considera um poeta contemporâneo?
Eu trabalho com a perspectiva de gerar sentido e não de deter o sentido, portanto é uma leitura válida. Mas não costumo ficar me considerando alguma coisa, para que não me torne pedante.
Susano, quais são suas maiores motivações?
Sou motivado pela beleza, pelo mistério, pelo amor, e por algumas pessoas que estão relacionadas com os motivos anteriores.
Como foi a introdução de sua arte ao mundo digital?
Eu criei um blog em 2010 para publicar meus trabalhos porque eu sentia a necessidade de construir um público, em 2011 criei uma fanpage e segui publicando meus trabalhos religiosamente, independente de qualquer visibilidade, em 2015 comecei a ter alguma visibilidade e em 2016 aumentou consideravelmente.
Suas exposições tomaram forma em 2011, qual foi a sua maior dificuldade e seu maior orgulho dentre as exposições até os dias atuais?
Até este ano possuía apenas exposições coletivas. Meu maior orgulho foi minha primeira exposição individual que ainda esta acontecendo e teve recorde de público no Museu em sua abertura (até 09/09/16 na Fundação Hassis – Florianópolis). As dificuldades são diversas, de vários tipos, começando por estar deslocado de um eixo cultural, em um país que sabota a cultura desde a formação escolar (esse é um problema que abre um leque de outros problemas). E também, por fazer um trabalho comprometido, sem a pretensão de apelo comercial, enfim...
Suas obras carregam um peso emocional muito elevado, como você identifica a reação do público em relação a sua arte? Há uma aceitação emocional como se você os entendesse?
Sim, eu trabalho subjetivamente com assuntos que dizem respeito à condição humana, e por isso é muito natural que as pessoas se identifiquem e até se sintam representadas. Escolho significantes que considero potentes, tudo isso somado as minhas experiências pessoais, emocionais, e meus estudos.
Em relação a suas mídias digitais, dentre o Facebook, Twitter, Instagram e Youtube, qual dessas redes te ajudou mais a mostrar ao mundo a sua arte?
As que mais uso são o Facebook e Instagram, apesar de gostar muito do Youtube e querer realizar um projeto maior por lá, mas ainda preciso vencer algumas etapas.
Para você, como a poesia (em suas diversas formas atuais) ganhou tanto espaço?
A poesia ganha espaço porque misteriosamente estamos vivos, nem o motivo nem o sentido da vida estão dados, é preciso ser criado. A poesia é a manifestação da beleza na lacuna desse mistério, é quando por uma determinada circunstância temos a sensação que tudo faz sentido. É a certeza que antecipou o motivo. Precisamos da poesia, porque sim.
A Criação de Adão por Michelangelo |
A escrita é parte essencial na composição da história humana. Em todos os períodos, manteve viva a essência das épocas: costumes, pensamentos e cultura. Mais do que um conjunto de fonemas, constituindo e auxiliando em nossa comunicação, a palavra, falada e escrita, carrega um poder muito mais constituinte e profundo: é a voz da consciência, a alma da humanidade.
Assemelhando-se à complexidade humana, a linguagem apresenta uma variedade infinita de usos, de acordo com o contexto social da qual se faz necessária, naturalizada de tal forma que muitas vezes não nos damos conta dos sentidos que carrega. Mikhail Bakhtin, importante filósofo e pensador russo, um dos mais importantes estudiosos do assunto, afirmou em seus estudos: “falamos apenas através de gêneros sem suspeitar que eles existam, pois eles nos são dados da mesma forma da língua materna”
Dante Alighieri, ao escrever A Divina Comédia, utilizou dos dogmas religiosos e da cultura greco-romana em seus versos que marcou o Humanismo e a sociedade em que vivia. Séculos depois, Jack Kerouac estabiliza o que seria conhecido como Geração Beat, aborda em seus textos de estilo espontâneo e corrido, e com não raros desvios gramaticais, a contracultura e suas experiências de vida carregados de sexo, drogas e viagens ao Oeste, numa sociedade bastante conservadora. Autores diferentes, em estilos e contextos diferentes, assim como tantos outros através da história, carregam em si o prisma que os assemelham e diferem em igual partida: o gênero discursivo.
Conforme Bakhtin afirmou, gêneros discursivos nada mais são do que formas relativamente estáveis de enunciados, que se adequam aos contextos, abrindo um leque de possibilidades para expressão humana – seja da forma que for.
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Dante e Virgílio no Inferno por William-Adolphe Bouguereau |
É comum a identificação criada ao nos depararmos com obras de outros autores, que nos tocam, inspiram e causam emoções, entretanto, é igualmente comum nos deparamos com esse receio de expor a nós mesmos, o que sentimos. Nós, do Ciber Poesia, acreditamos e principalmente valorizamos o artista em cada um de nós, e para exemplificar da melhor forma possível anexamos abaixo os links de alguns trabalhos feitos por nossos colaboradores para mostrar as particularidades em cada um de nós.
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Mapa a mão feito por Jack Kerouac, mostrando suas viagens pelos EUA |
Gabriel Rodrigues: O Menino e o Quarto Escuro
Lucas Fantin: Seja.
Lucas Lunguinho: Damnum FideiMarcio Roberto: Palavras Repetidas, Palavras Incompletas.
Queremos muito
ouvir a opinião de vocês! Comentem o que acharam sobre os trabalhos e produza
também! Afinal, expressar-se não é monopólio de alguns, mas sim necessidade de
todos nós.
Por Lucas Lunguinho em 22-10-16
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A poesia, criada há
tanto tempo, está presente com força na era digital. Isso se deve a adaptação
natural do homem que faz questão de levar sua cultura para seu estilo de vida
atual. É como Machado diz: “Cada época ou cada fase da humanidade está condicionada
ao uso de sua tecnologia aplicada nas mais variadas atividades, não ficando de
fora a própria arte”. Assim, podemos
afirmar que a Poesia Digital como conhecemos, nada mais é do que o ser humano
mantendo viva a Poesia Concreta.
A Poesia Digital surgiu junto com a cibercultura, que permitiu a junção de diferentes linguagens em uma só mídia, através de artifícios digitais que tornam a poesia ainda mais bela aos olhos de quem vê:
O prazer estético proporcionado pela Poesia Digital atinge todo tipo de público. Realizamos uma pesquisa com o perfil de poesias Auto-Lembrete que possui cerca de 240 mil seguidores, e concluímos que os leitores são, em sua maioria, mulheres com idade entre 18 e 24 anos e residentes do Estado de São Paulo, conforme os gráficos a seguir:
![]() |
Fonte: TUMBLR |
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"Nunca esqueça o que você é." Fonte: GIPHY |
Independente de sexo ou
idade, todos internautas consomem poesia digital em algum momento da vida. Seja
por interesse pelo tema ou simplesmente porque surgiu em seu feed de noticias.
A poesia digital está presente em todas as redes sociais e é vista através de
celulares, tablets e computadores, seu público só tende a crescer assim como
sua popularização.
Referência: Poesia Digital: Textos Poéticos nos Meios Digitais - Por Alexander Bezerra Lima
Por Nubia Boffo e Thays Alves em 21-10-16
Referência: Poesia Digital: Textos Poéticos nos Meios Digitais - Por Alexander Bezerra Lima
Por Nubia Boffo e Thays Alves em 21-10-16
Flanar
vem de flâneur, palavra francesa que
tem sinônimos e significados como: vagar sem rumo, perambular.

Antes da era digital, a poesia era
sentida de uma maneira diferente, em meio a livros, sentimentos, a escritórios
e condições de escritas. O cheiro de tinta e a pena dançavam pelo papel, como
se estivessem em terapia emocional de um poeta que ali sentia a perda, ou a
conquista. Ele fazia jus ao flâneur
pessoal por passar por tantas provações que expressava em seu papel, fazendo
com que os leitores também pudessem sentir e se sentir nas mesmas condições,
causando um estranhamento emocional, saindo da zona de conforto, onde o sujeito
perambula por outras verdades, revendo seus valores.
O flanar em si é o que uma poesia tem
de oculto, te fazer passear entre as metáforas e frases de efeitos, mas, alguns
poetas simplesmente utilizam de recursos que apenas alguns lugares têm. Pedro Antônio Gabriel Anhorn, ou como
conhecido por “Eu Me Chamo Antônio”,
começou suas obras na mesa de um bar no Rio de Janeiro, com papeis guardanapos,
e assim nasceu a peculiaridade e particularidade de seus poemas e frases de
impactos. Isso é um flâneur, ir sentir a cidade, sentir o desconhecido sem ao menos ter
essa objetividade.
Para o pseudônimo de um jornalista,
João do Rio: “Flanar é a distinção de perambular com
inteligência. Nada como o inútil para ser artístico. Daí o desocupado flâneur
ter sempre na mente dez mil coisas necessárias, imprescindíveis, que podem
ficar eternamente adiadas”.
Atualmente, o flanar está
ligado às novas tecnologias de maneira diferente. Filtramos o que queremos ver,
e disso vamos navegando em meio à pré-escolhas que já fizemos, é um novo mundo
que cativamos, repleto de informações e poesias com as mais novas formas
escritas e expostas. Alguns autores escrevem digitalmente, com softwares, criam uma tipografia e até mesmo um estilo de desenho que traz personalidade e unidade, afinal, traços e tipos de escrita são um
diferencial nesse âmbito.
Há também a transição do
analógico para o digital; onde uma poesia ou um desenho feito à mão, aos cuidados
artesanais são fotografados e partilhados pelo meio digital e publicados em
suas redes sociais. O Pedro Antônio e o Susano são
exemplos disso, mas, jamais tirando o fato de que eles também realizam exposições e vendem
suas artes de forma física.
Essa mistura de analógico e digital se dá, não somente do criador com o seu conjunto de flanar (online, cidade) ou do manuscrito ao digital, mas, principalmente da formação dos sentidos de quem consome, por exemplo, a impressão do apreciador de exposições virtuais tendo experiencias em ambientes físicos, e o contrário também ocorre, do contemplador de conteúdo tateável tendo impressões de trabalhos online, cada caso e cada experiência diferente de flâneur produz uma perspectiva diversa.
TWITTER
Essa mistura de analógico e digital se dá, não somente do criador com o seu conjunto de flanar (online, cidade) ou do manuscrito ao digital, mas, principalmente da formação dos sentidos de quem consome, por exemplo, a impressão do apreciador de exposições virtuais tendo experiencias em ambientes físicos, e o contrário também ocorre, do contemplador de conteúdo tateável tendo impressões de trabalhos online, cada caso e cada experiência diferente de flâneur produz uma perspectiva diversa.
Por Lucas Fantin em 19-10-16
Para você que acompanha as nossas postagens, confira também nossas redes sociais!
Foi pensando nisso que nós do
Ciber Poesia entrevistamos dois produtores de poesia digital: o “Onde Você TemPaixão” que conta com cerca de 27 mil seguidores e o “Auto-Lembrete” que
totaliza mais de 227 mil seguidores em suas redes sociais. Conversamos sobre motivação e como lidam com
as informações (que são muitas) para se adaptar e agradar todo seu público. Dá
só uma olhada:
Por Thays Alves em 10-10-16
ONDE VOCÊ TEM PAIXÃO:
Instagram - 32,7 MIL Seguidores
Facebook - 982 Seguidores
1. O que te levou a
produzir poesia digital?
Eu só queria tirar o que escrevia do papel e o incentivo dos
meus amigos para que isso acontecesse me fez procurar um lugar para que outras
pessoas pudessem ler.
2. Qual a importância
da poesia na sua vida?

3. Você já chegou a
adequar o seus poemas de acordo com o que gera mais likes ou compartilhamentos?
Admito que já pensei muito em fazer isso, algumas vezes
deixo me levar por um tema que eu sei que terá mais visualizações, mas acontece
que quando a escrita flui, a gente não controla o rumo que o texto segue. Penso
que se eu gosto mesmo de escrever como mostro para as pessoas, tenho que
escrever o que me dá vontade e não apenas para agradar quem vai ler. E se eu
fizer só o que as pessoas querem, não vou escrever pra mim, mas para os outros.
Não posso escrever um texto que agrada o leitor e a mim não.
4. Existe algum tema
que gostaria de escrever, mas não faz por medo do teu público não consumir?
Não, existem textos
que faço, porém não público aqui. Mas isso não é por causa do público, são
outros motivos. Sempre vai acontecer de textos que possuem o mesmo tema, terem
resultados diferentes um do outro.
5. Como é a interação
com o seu público? Eles costumam pedir temas?
É bem pouca na
verdade, tenho mais contato com outros escritores, do que com quem lê o que
escrevo. Sou muito tímida em relação à isso e também não sei
"interagir". Não peço temas porque, em geral, já tenho uma reserva de
textos pra quando a inspiração resolve não aparecer.
6. Você costumava
realizar poesias fora do meio digital? Havia um público?
Sim, mas foi por pouco tempo. Assim que descobri o gosto
pela escrita, mostrava aos meus amigos e só. Em parte, foram eles que me
incentivaram a disponibilizar para um público diferente.
AUTO-LEMBRETE
Instagram - 9.680 Seguidores
Facebook - 267.573 Seguidores
1. O que te levou a
produzir poesia digital?
O acaso. E um grupo de amigos que sempre dizia que os meus
"auto-lembretes" (como eu identificava na época), dariam um livro de
bolso. Então, quando eu (Everlan) e o Levy começamos a trabalhar juntos na mesma
agência de publicidade, ele viu algumas das minhas publicações e textos no
facebook e me incentivou para que eu criasse um blog para reunir esses escritos.
Criei, mas nunca dei a atenção devida à sua manutenção. Em um dia de pouca
pauta (3 de setembro de 2015), ficamos lá reunindo aforismos meus e dele que
coubessem na alcunha de auto-lembretes, foi quando surgiu a ideia de criar uma
página. Em uma hora ou duas já tínhamos definido o layout e uma porção de
escritos pra alimentar a nova criação. De lá pra cá, o saldo sé de quase 2 mil
auto-lembretes e um pouco mais de 220.000 leitores constantes.
2. Qual a importância
da poesia na sua vida?
Eu acho que a melhor forma de dizer isso tanto para nós que
somos comunicólogos, eu e Rodrigo (que entrou no grupo perto do final de 2015,
com a mesma empolgação e vontade que a gente), quanto para Levy, que é artista
visual, é "roubando" um trecho da entrevista de Gullar à Revista de
História em que diz: "(Arte) Não é feita nem pela natureza, nem pelo acaso.
Arte é uma coisa do ser humano. A arte existe porque a vida não basta, a vida é
pouca". A poesia que começou despretensiosamente nos auto-lembretes, que
sequer existia em busca de uma audiência, é uma conversa em voz alta consigo
mesmo, uma necessidade de expressão e uma distinção pontual entre "se
ouvir pensando e se ouvir falando".
3. Você já chegou a
adequar os seus poemas de acordo com o que gera mais likes ou compartilhamentos?

Já, mas não procuramos adotar isso como norte da página. A
diferença em ser descolado ou deslocado está bem mais além do que os lugares
tomados por "l" e "c". Tentamos não fazer conteúdo
sensacionalista nem que explore o sofrimento alheio. O que não começou como um
esboço de psicologia positiva (ou autoajuda) acabou se tornando também um pouco
disso pela interpretação de quem lê e dos seus retornos em comentários,
compartilhamentos e mensagens inbox, que aparecem com sugestões, pedidos de
orientação amorosa ou simples necessidade de papear e fugir da solidão. Mas
voltando ao olho do furacão, não deixamos de expressar aquilo que acreditamos
pela aprovação ou não da audiência, como, por exemplo, o nosso posicionamento
contrário ao conservadorismo e à desvalorização dos direitos humanos expresso
em diversas postagens, que teve pico de rejeições numa que colocamos
"descobrir amigos seguidores de Bolsonaro é uma tortura", nos dias
que se seguiram ao voto dedicado ao (covarde) Coronel Brilhante Ustra.
4. Existe algum tema
que gostaria de escrever mas não faz por medo do teu público não consumir?
Não. Como respondido acima, fazemos isso sempre que achamos
necessário. Temos alcance médio de cerca de 2 milhões de pessoas por semana.
Nos sentimos, também, com certo poder pedagógico, suscitando não uma indicação
de caminho, mas auxiliando nos questionamentos de quais trilhas existem e aonde
que elas podem desaguar, partindo da ideia de que todos os encontros têm
potencial formativo.
5. Como é a interação
com o seu público? Eles costumam pedir temas?
Acho que respondemos um pouco dessa também anteriormente
(risos). A interação com o público acontece o tempo todo, nas
brincadeiras dos comentários que mandamos em repostas a ele, quando, por
exemplo, afirmamos que, sim, lemos mentes; ou quando simplesmente ficamos
conversando, no inbox, sobre sugestões, críticas, conselhos e tantos assuntos
quanto se possa imaginar. Sim, tem sempre alguém que não quer sugerir mas pede
"faz um sobre falar com alguém que você não conhece no ônibus/metrô",
aí vamos lá e tentamos fazer algo que alcance o pedido (quando julgamos caber
na proposta da página), a exemplo desse em que fizemos "quebrar o gelo com
aquela pessoa que você encontra todo dia no ônibus" e que foi um
"hit" da época. A gente se diverte com os pedidos e fica imaginando
como é diversa a realidade do nosso cotidiano.
6. Você costumava
realizar poesias fora do meio digital? Havia um público?
Acho que para nós três a resposta é raramente. Eu sempre
escrevi contos e crônicas (apenas recentemente tenho escrito algo que possa ser
chamado de poesia), enquanto Rodrigo tem uma aproximação maior pela fotografia
do cotidiano. Talvez Levy seja o que mais perto esteja da ideia de poesia (no
sentido de arte aberta a público), com exposições fotográficas e desenhos
acompanhados de meia dúzia de palavras, que guardam uma economia sintática
proposital, deixando o conjunto da obra ainda mais subjetivo e aberto a
interpretações.
Entrevista por Nubia Boffo
Conforme pudemos observar, a facilidade de acesso às informações presentes hoje na vida do produtor, poderia alterar seu modo de trabalhar das mais diversas maneiras, inclusive fazendo com que o mesmo mude seu estilo à fim de agradar seu público, o que não acontece com nossos produtores entrevistados. Eles provam que o consumidor tem muito poder, através de comentários e até conversas realizadas com os donos das páginas, vemos que a relação consumidor x produtor está cada vez mais estreita e mais íntima, onde quem consome pode participar ativamente do projeto em questão, oferecendo suas ideias e sugestões, mas isso não é capaz de alterar a essência da página e seu modo de transmitir informação. Sendo assim, podemos dizer que o produtor de Poesia Digital busca agradar seu público de forma que suas convicções e seus princípios não sejam prejudicados.
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