O Flanar em Meio à Poesia.

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Primeiramente, o que é exatamente flanar?
Flanar vem de flâneur, palavra francesa que tem sinônimos e significados como: vagar sem rumo, perambular.
Já parou para pensar que por muitas vezes fazemos isso? É um ato tão natural apenas passear pelas ruas ou mesmo por websites buscando utilizar o tempo de maneira despretensiosa, com diagnósticos desprovidos de julgamento, quase num estado de inércia, saltando a visão de um comércio a outro ou também trocando as páginas da internet constantemente sem um padrão pré-estabelecido. Um exemplo da influência de tal fenômeno é notar o sentimento produzido ao ler esse texto de blog levando em conta todo um acumulo de acontecimentos que de alguma maneira se entrelaçaram e o trouxeram até aqui, mesmo não sabendo necessariamente onde o leitor iria chegar. Esse processo não planejável é de alguma forma flanar, é formular atitudes, pensamentos, sentimentos, reações e uma série de características de maneira não convencional, mas que fazemos sem ter o mínimo de consciência na maioria das vezes.
Antes da era digital, a poesia era sentida de uma maneira diferente, em meio a livros, sentimentos, a escritórios e condições de escritas. O cheiro de tinta e a pena dançavam pelo papel, como se estivessem em terapia emocional de um poeta que ali sentia a perda, ou a conquista. Ele fazia jus ao flâneur pessoal por passar por tantas provações que expressava em seu papel, fazendo com que os leitores também pudessem sentir e se sentir nas mesmas condições, causando um estranhamento emocional, saindo da zona de conforto, onde o sujeito perambula por outras verdades, revendo seus valores.
O flanar em si é o que uma poesia tem de oculto, te fazer passear entre as metáforas e frases de efeitos, mas, alguns poetas simplesmente utilizam de recursos que apenas alguns lugares têm. Pedro Antônio Gabriel Anhorn, ou como conhecido por “Eu Me Chamo Antônio”, começou suas obras na mesa de um bar no Rio de Janeiro, com papeis guardanapos, e assim nasceu a peculiaridade e particularidade de seus poemas e frases de impactos. Isso é um flâneur, ir sentir a cidade, sentir o desconhecido sem ao menos ter essa objetividade.
Para o pseudônimo de um jornalista, João do Rio: “Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico. Daí o desocupado flâneur ter sempre na mente dez mil coisas necessárias, imprescindíveis, que podem ficar eternamente adiadas”.
Atualmente, o flanar está ligado às novas tecnologias de maneira diferente. Filtramos o que queremos ver, e disso vamos navegando em meio à pré-escolhas que já fizemos, é um novo mundo que cativamos, repleto de informações e poesias com as mais novas formas escritas e expostas. Alguns autores escrevem digitalmente, com softwares, criam uma tipografia e até mesmo um estilo de desenho que traz personalidade e unidade, afinal, traços e tipos de escrita são um diferencial nesse âmbito.
Há também a transição do analógico para o digital; onde uma poesia ou um desenho feito à mão, aos cuidados artesanais são fotografados e partilhados pelo meio digital e publicados em suas redes sociais. O Pedro Antônio e o Susano são exemplos disso, mas, jamais tirando o fato de que eles também realizam exposições e vendem suas artes de forma física.                       
Essa mistura de analógico e digital se dá, não somente do criador com o seu conjunto de flanar (online, cidade) ou do manuscrito ao digital, mas, principalmente da formação dos sentidos de quem consome, por exemplo, a impressão do apreciador de exposições virtuais tendo experiencias em ambientes físicos, e o contrário também ocorre, do contemplador de conteúdo tateável tendo impressões de trabalhos online, cada caso e cada experiência diferente de flâneur produz uma perspectiva diversa. 
Por Lucas Fantin em 19-10-16

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