Foi pensando nisso que nós do
Ciber Poesia entrevistamos dois produtores de poesia digital: o “Onde Você TemPaixão” que conta com cerca de 27 mil seguidores e o “Auto-Lembrete” que
totaliza mais de 227 mil seguidores em suas redes sociais. Conversamos sobre motivação e como lidam com
as informações (que são muitas) para se adaptar e agradar todo seu público. Dá
só uma olhada:
Por Thays Alves em 10-10-16
ONDE VOCÊ TEM PAIXÃO:
Instagram - 32,7 MIL Seguidores
Facebook - 982 Seguidores
1. O que te levou a
produzir poesia digital?
Eu só queria tirar o que escrevia do papel e o incentivo dos
meus amigos para que isso acontecesse me fez procurar um lugar para que outras
pessoas pudessem ler.
2. Qual a importância
da poesia na sua vida?

3. Você já chegou a
adequar o seus poemas de acordo com o que gera mais likes ou compartilhamentos?
Admito que já pensei muito em fazer isso, algumas vezes
deixo me levar por um tema que eu sei que terá mais visualizações, mas acontece
que quando a escrita flui, a gente não controla o rumo que o texto segue. Penso
que se eu gosto mesmo de escrever como mostro para as pessoas, tenho que
escrever o que me dá vontade e não apenas para agradar quem vai ler. E se eu
fizer só o que as pessoas querem, não vou escrever pra mim, mas para os outros.
Não posso escrever um texto que agrada o leitor e a mim não.
4. Existe algum tema
que gostaria de escrever, mas não faz por medo do teu público não consumir?
Não, existem textos
que faço, porém não público aqui. Mas isso não é por causa do público, são
outros motivos. Sempre vai acontecer de textos que possuem o mesmo tema, terem
resultados diferentes um do outro.
5. Como é a interação
com o seu público? Eles costumam pedir temas?
É bem pouca na
verdade, tenho mais contato com outros escritores, do que com quem lê o que
escrevo. Sou muito tímida em relação à isso e também não sei
"interagir". Não peço temas porque, em geral, já tenho uma reserva de
textos pra quando a inspiração resolve não aparecer.
6. Você costumava
realizar poesias fora do meio digital? Havia um público?
Sim, mas foi por pouco tempo. Assim que descobri o gosto
pela escrita, mostrava aos meus amigos e só. Em parte, foram eles que me
incentivaram a disponibilizar para um público diferente.
AUTO-LEMBRETE
Instagram - 9.680 Seguidores
Facebook - 267.573 Seguidores
1. O que te levou a
produzir poesia digital?
O acaso. E um grupo de amigos que sempre dizia que os meus
"auto-lembretes" (como eu identificava na época), dariam um livro de
bolso. Então, quando eu (Everlan) e o Levy começamos a trabalhar juntos na mesma
agência de publicidade, ele viu algumas das minhas publicações e textos no
facebook e me incentivou para que eu criasse um blog para reunir esses escritos.
Criei, mas nunca dei a atenção devida à sua manutenção. Em um dia de pouca
pauta (3 de setembro de 2015), ficamos lá reunindo aforismos meus e dele que
coubessem na alcunha de auto-lembretes, foi quando surgiu a ideia de criar uma
página. Em uma hora ou duas já tínhamos definido o layout e uma porção de
escritos pra alimentar a nova criação. De lá pra cá, o saldo sé de quase 2 mil
auto-lembretes e um pouco mais de 220.000 leitores constantes.
2. Qual a importância
da poesia na sua vida?
Eu acho que a melhor forma de dizer isso tanto para nós que
somos comunicólogos, eu e Rodrigo (que entrou no grupo perto do final de 2015,
com a mesma empolgação e vontade que a gente), quanto para Levy, que é artista
visual, é "roubando" um trecho da entrevista de Gullar à Revista de
História em que diz: "(Arte) Não é feita nem pela natureza, nem pelo acaso.
Arte é uma coisa do ser humano. A arte existe porque a vida não basta, a vida é
pouca". A poesia que começou despretensiosamente nos auto-lembretes, que
sequer existia em busca de uma audiência, é uma conversa em voz alta consigo
mesmo, uma necessidade de expressão e uma distinção pontual entre "se
ouvir pensando e se ouvir falando".
3. Você já chegou a
adequar os seus poemas de acordo com o que gera mais likes ou compartilhamentos?

Já, mas não procuramos adotar isso como norte da página. A
diferença em ser descolado ou deslocado está bem mais além do que os lugares
tomados por "l" e "c". Tentamos não fazer conteúdo
sensacionalista nem que explore o sofrimento alheio. O que não começou como um
esboço de psicologia positiva (ou autoajuda) acabou se tornando também um pouco
disso pela interpretação de quem lê e dos seus retornos em comentários,
compartilhamentos e mensagens inbox, que aparecem com sugestões, pedidos de
orientação amorosa ou simples necessidade de papear e fugir da solidão. Mas
voltando ao olho do furacão, não deixamos de expressar aquilo que acreditamos
pela aprovação ou não da audiência, como, por exemplo, o nosso posicionamento
contrário ao conservadorismo e à desvalorização dos direitos humanos expresso
em diversas postagens, que teve pico de rejeições numa que colocamos
"descobrir amigos seguidores de Bolsonaro é uma tortura", nos dias
que se seguiram ao voto dedicado ao (covarde) Coronel Brilhante Ustra.
4. Existe algum tema
que gostaria de escrever mas não faz por medo do teu público não consumir?
Não. Como respondido acima, fazemos isso sempre que achamos
necessário. Temos alcance médio de cerca de 2 milhões de pessoas por semana.
Nos sentimos, também, com certo poder pedagógico, suscitando não uma indicação
de caminho, mas auxiliando nos questionamentos de quais trilhas existem e aonde
que elas podem desaguar, partindo da ideia de que todos os encontros têm
potencial formativo.
5. Como é a interação
com o seu público? Eles costumam pedir temas?
Acho que respondemos um pouco dessa também anteriormente
(risos). A interação com o público acontece o tempo todo, nas
brincadeiras dos comentários que mandamos em repostas a ele, quando, por
exemplo, afirmamos que, sim, lemos mentes; ou quando simplesmente ficamos
conversando, no inbox, sobre sugestões, críticas, conselhos e tantos assuntos
quanto se possa imaginar. Sim, tem sempre alguém que não quer sugerir mas pede
"faz um sobre falar com alguém que você não conhece no ônibus/metrô",
aí vamos lá e tentamos fazer algo que alcance o pedido (quando julgamos caber
na proposta da página), a exemplo desse em que fizemos "quebrar o gelo com
aquela pessoa que você encontra todo dia no ônibus" e que foi um
"hit" da época. A gente se diverte com os pedidos e fica imaginando
como é diversa a realidade do nosso cotidiano.
6. Você costumava
realizar poesias fora do meio digital? Havia um público?
Acho que para nós três a resposta é raramente. Eu sempre
escrevi contos e crônicas (apenas recentemente tenho escrito algo que possa ser
chamado de poesia), enquanto Rodrigo tem uma aproximação maior pela fotografia
do cotidiano. Talvez Levy seja o que mais perto esteja da ideia de poesia (no
sentido de arte aberta a público), com exposições fotográficas e desenhos
acompanhados de meia dúzia de palavras, que guardam uma economia sintática
proposital, deixando o conjunto da obra ainda mais subjetivo e aberto a
interpretações.
Entrevista por Nubia Boffo
Conforme pudemos observar, a facilidade de acesso às informações presentes hoje na vida do produtor, poderia alterar seu modo de trabalhar das mais diversas maneiras, inclusive fazendo com que o mesmo mude seu estilo à fim de agradar seu público, o que não acontece com nossos produtores entrevistados. Eles provam que o consumidor tem muito poder, através de comentários e até conversas realizadas com os donos das páginas, vemos que a relação consumidor x produtor está cada vez mais estreita e mais íntima, onde quem consome pode participar ativamente do projeto em questão, oferecendo suas ideias e sugestões, mas isso não é capaz de alterar a essência da página e seu modo de transmitir informação. Sendo assim, podemos dizer que o produtor de Poesia Digital busca agradar seu público de forma que suas convicções e seus princípios não sejam prejudicados.
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